O Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP), e Departamento de Letras (DL), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lançaram o vídeo documentário “Vinocéu: uma experiência multidisciplinar de difusão científica da astrofísica”.
O filme é um vídeo documentário de divulgação científica sobre o Projeto Temático “Cherenkov Telescope Array (CTA): Construção e primeiras descobertas”, financiado pela FAPESP (Proc. 2021/01089-1), sob a coordenação do pesquisador Prof. Dr. Luiz Vitor de Souza Filho – IFSC/USP. O CTA é uma colaboração internacional que está construindo um conjunto de telescópios de diferentes tamanhos e conta com a participação de 1500 membros, de 150 institutos e 25 países.
As histórias dos estudantes, professores e pesquisadores do CTA ajudaram a humanizar as experiências e serviram de apoio para estimular o interesse pela astrofísica. Com duração de 28 minutos, o Vinocéu apresenta as motivações, processos e questões de pesquisas do ponto de vista pessoal dos entrevistados.
O roteiro apresenta a diversidade acadêmica e cultural das pessoas em torno da ciência, em particular da astrofísica. “A busca desse afeto aparece nesta primeira edição do filme. A motivação, o tempo e esforço que os pesquisadores dedicam para estudar coisas abstratas”, conta Cibelle Celestino Silva, professora do IFSC/USP e supervisora do projeto.
Além disso, o Vinocéu resgata a conexão ancestral que as pessoas têm com o céu. “Com o passar do tempo, fomos nos distanciando da astronomia, dos astros que estão mais próximos e sempre nos guiaram. Essa relação mais profunda com o céu, com os planetas, a lua, o sol é apresentada por meio da ligação dos cientistas com o céu e a ciência”, explica a professora.
O propósito do trabalho foi explorar novas linguagens e novas mídias para a difusão científica de um projeto com relevância mundial. “A difusão científica desempenha um papel importante na disseminação do conhecimento, promovendo a compreensão da ciência e de seus atores. Por meio do Vinocéu, queremos mostrar as descobertas e avanços científicos de um campo de pesquisa em que o Brasil é muito maduro a um público mais amplo. É um elo entre a comunidade científica e a população”, afirma a supervisora do projeto.
O grande desafio na produção do vídeo foi encontrar uma forma acessível para explicar conceitos que não estão no dia a dia das pessoas. “Trabalhamos com múltiplas linguagens: visual, estética e oral, para estimular as pessoas, principalmente os mais jovens, a enxergarem a beleza de seguir uma carreira acadêmica e a pesquisa na astrofísica”, explica o professor de Linguística da UFSCar e supervisor do Vinocéu, Pedro Varoni.
O documentário tem uma característica multidisciplinar e envolveu os estudantes do curso de Linguística da UFSCar na fase de pesquisa e roteirização, IFSC-USP e profissionais gabaritados da área de cinema e jornalismo. “A parceria com o curso de Linguística enriqueceu o projeto. Foi possível olhar para a vertente da difusão científica e identificar quais linguagens poderiam ser exploradas. Não realizamos apenas criação de um produto, mas sim nos envolvemos nas questões da linguística para a criação de um produto mais acessível”, conta a professora.
Com características de um projeto de pesquisa, a experiência do Vinocéu está possibilitando ao grupo o desenvolvimento de uma pesquisa relacionada à difusão científica, com a exploração das potencialidades, oferecendo oportunidades de atuação em vários campos: documentário, ficção, jornalismo, podcast, mini vídeos para redes sociais, entre outros.
A produção contou com a participação dos cineastas Rodolfo Magalhães e Guilherme Bonini, da jornalista Daniela Zigante e dos estagiários Bianca Hepp Mirisola, Pedro Henrique Calari Pinotti, Clariane Molina de Lima e Vinícius dos Santos Ribeiro.
Para o cineasta Guilherme Bonini, o processo de direção foi bastante interessante, já que não envolveu puramente a pesquisa acadêmica em si, mas também a filosofia de vida das pessoas envolvidas. “Eu como cineasta tenho muito apreço por essa energia e força de como as pessoas veem o mundo. A partir da interpretação de cada um, dividimos os nossos próprios olhares e traduzimos essas informações em imagens e som”, conta. “Todo o processo de direção se deu por meio do compartilhamento filosófico de vida e a exploração de aspectos que não são usuais na difusão científica”, completa.
O projeto temático do CTA é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e tem como coordenador o astrofísico e professor do IFSC-USP São Carlos, Luiz Vitor de Souza Filho. “O escopo científico do CTA nos possibilita estudar questões importantes da astrofísica, amplia nosso conhecimento na física de partículas elementares e permite a promoção de ações de difusão da cultura científica entre o público geral, estudantes e professores”, comenta o professor.
O vídeo documentário está disponível no YouTube do CTAndo.